O que é descarbonização e quais os combustíveis alternativos que podem fazer parte desse movimento?
Retirar carbono da atmosfera é urgente e o uso de biocombustíveis, combustíveis sintéticos, hidrogênio e eletricidade devem ser considerados
Afinal, o que é descarbonização? Desde a revolução industrial, no século XVIII, a quantidade de carbono emitida pelo ser humano na atmosfera tem aumentado constantemente. Descarbonização é, portanto, retirar ou reduzir a quantidade de carbono emitida. Isso se faz necessário nos dias atuais por causa do aumento de temperatura da Terra. Quanto mais carbono, maior é a temperatura, uma vez que essa substância funciona como um cobertor e retém o calor, o chamado efeito estufa.
Todos os seres vivos emitem carbono. Ao respirar, inspira-se oxigênio e expira-se gás carbono (CO2). Uma experiência simples para verificar o efeito estufa é ficar dentro do carro com os vidros fechados e respirar normalmente. Em poucos minutos o ar fica quente e os vidros embaçam.
Apesar disso, a quantidade de CO2 emitida pela respiração humana e de outros seres vivos é baixa. O que realmente contribui para o aumento da temperatura do planeta são as emissões de CO2 da geração de energia elétrica, industriais, criação de rebanhos (principalmente bovino), transportes, queimadas, entre outros.
Segundo o Ourworldindata.org, 84,3% de toda energia produzida vem de origem fóssil, pela queima do petróleo (33,1%), do carvão (27%) e do gás natural (24,3%). A queima desses tipos de combustíveis é necessária para produzir fertilizantes, eletricidade, aquecimento e também para fazer funcionar equipamentos industriais.
Transportes
Os meios de transportes são responsáveis por apenas 14% de todo carbono emitido na atmosfera, sendo que 60% para transportar passageiros e 40% para carga, distribuídos em rodoviário (44% passageiros e 30% carga), aéreo (6% passageiros e 4% carga), aquaviário (6% passageiros e 5% carga) e ferroviário (4% passageiros e 1% carga).
Assim, mesmo que se troque da noite para o dia 100% da frota circulante de veículos a combustão interna para veículos elétricos, o percentual de emissões de gases de efeito estufa permaneceria elevado, uma vez que seria necessário continuar queimando petróleo ou carvão para produzir energia elétrica para recarregar as baterias dos carros.
Assim, o tema descarbonização vai muito além dos transportes. No entanto, é preciso, sim, reduzir as emissões de carbono geradas para locomover pessoas e produtos. A eletrificação é um caminho, mas não é o único e, talvez, não seja a melhor alternativa.
Além da eletricidade, existem os biocombustíveis, como etanol e o biometano (também chamado de biogás), os combustíveis sintéticos, o hidrogênio e o reformador de biomassa. Ao longo dessa série, abordaremos com detalhes cada um desses combustíveis alternativos.
O etanol é um biocombustível que há anos faz parte do cotidiano do brasileiro, está em todos os postos de abastecimento e permite diversas formas de utilização. Uma das vantagens é que parte da emissão de carbono emitida pelos veículos é capturada pela planta, no cultivo da cana de açúcar. Além disso, diversos especialistas acreditam nesse combustível, como o presidente da Raízen, Ricardo Mussa, e o diretor-técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Jr. Para Mussa, o mundo ideal é o motor elétrico movido a etanol, por meio de um reformador de biomassa, tecnologia que será detalhada nos próximos episódios desta série.
Já Joseph Jr., comentou durante a 10ª edição do Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustível, realizado pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, em abril deste ano, que a frota circulante atual de veículos leves no Brasil é de 45 milhões de unidades, sendo 38,3 milhões com motores flex, que despejam 62 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. “Se essa frota passasse a usar o etanol, a redução de carbono seria da ordem de 50%, de uma hora para outra.”, diz Josef Jr..
No próximo episódio dessa série abordaremos o etanol com mais detalhes, assim como os demais combustíveis alternativos, como o biometano ou biogás, combustíveis sintéticos, hidrogênio e reformador de biomassa.