O engenheiro José Barreiro Junior levou seu Kia Sportage a um posto do Detran e foi barrado por conta de uma exigência: a conta de condomínio não foi aceita como comprovante de residência para a realização de vistoria no automóvel.
No mesmo posto, a Fiat Strada da aposentada Maria Amelia Curvelo também caiu em exigência porque o vistoriador cismou que o recibo de compra e venda estava rasurado, com o valor do carro reduzido.
Já em outro posto o vistoriador exigiu a remarcação do chassi do Ford Fiesta do empresário Alexandre Coelho. Alegaram que havia corrosão, mesmo sendo possível ler e tirar o relevo da numeração do chassi.
Como todo ano um vistoriador cisma que seu Peugeot 306 é rebaixado, o advogado Jorge Costa sempre leva o manual do proprietário, onde há as especificações técnicas, para provar que o carro está todo original.
São muitas as histórias de donos de carros e motos que caem em exigências nem sempre compreensíveis.
Armadilhas /Para tentar prevenir esses percalços, pedimos ajuda à assessoria de comunicação do órgão de trânsito para ouvir vistoriadores e seus chefes. Em duas semanas de insistência, não houve retorno. Na falta de ajuda oficial, procuramos diretamente quem trabalha nos postos. Estes, porém, só poderiam falar oficialmente com a autorização da assessoria de comunicação do Detran.
A solução foi entrevistar os profissionais sob a condição do anonimato. E, de fato, descobrimos várias pequenas armadilhas que podem ser evitadas.
A primeira dica já se refere ao agendamento. Só o faça pelo site se o serviço for simples e, de preferência, único. Nesses casos, a tarefa é relativamente fácil e tudo costuma funcionar de maneira descomplicada.
Quando há a necessidade de duas ou mais operações muito diferentes, raramente se consegue. Não adianta tentar agendar um serviço e depois outro: o sistema barra o segundo porque o CPF do cidadão já está cadastrado no primeiro. Em resumo: se o caso é enrolado, faça o agendamento telefônico.
Justiça seja feita, a página do Detran tem muitas informações. Mas muitos usuários a consideram confusa e pouco objetiva para resolver pequenos problemas comuns.
“Eu queria agendar o licenciamento anual e tirar a segunda via do recibo. Não achei essa opção no site e tive de agendar por telefone, onde perdi horas”, lembra o engenheiro José Barreiro Júnior.
Feito o agendamento, é hora de preparar o carro para a vistoria. E é aí que o bicho começa a pegar.
Equipamentos devem estar em perfeita condição
O que mais gera exigências no Detran são pneus gastos e parte elétrica inoperante (faróis, piscas, lanternas, luzes de freio e de ré). Ou seja, antes de tudo, veja esses itens, até porque é mais do que obrigação que estejam plenamente operacionais. Mas vamos às pegadinhas de verdade.
O esguicho do para-brisa deve estar funcionando e com água, os para-sóis não podem estar quebrados ou molengas e é preciso ter encostos de cabeça para quatro passageiros.
Parecem requisitos óbvios, mas nossas fontes dizem que geram muitas exigências. Sabe as placas do carro? Antes de ir à vistoria, dê uma boa olhada nelas. Amassados, corrosão, quebras, tarjeta ilegível… tudo isso é castigo, e não adianta espernear com o vistoriador. O mesmo acontece por conta daquela pocinha que você vê todo dia sob o carro. Se o vistoriador percebê-la, também vai reprovar o automóvel.
“A falta de conhecimento do proprietário sobre o próprio veículo implica em muitas reprovações e, também, no atraso no atendimento”, afirma um de nossos vistoriadores anônimos.
O mesmo, porém, acontece na mão inversa. Afinal, botar em exigência um carro que apenas parece rebaixado ou cujo valor teria sido desvalorizado internacionalmente pelo dono não faz qualquer sentido.
“Só apelando contra a falta de conhecimento dos vistoriadores”, lembra o advogado Jorge Costa.
DETALHES IMPORTANTES
Veja itens que podem resultar em reprovação durante vistoria do Detran. Cuidados pequenos evitam grandes imprevistos
1 – Pneus gastos e películas irregulares nos vidros reprovam o veículo
2 – Item de segurança, para-sol deve estar em ordem
3- Amassados e ferrugem não contam na vistoria
4 – Luzes e faróis têm de estar funcionando
5 – Placa na lateral em motos é proibida no Brasil
6 – Chassi ilegível exige perícia e remarcação
MAIS:
Mantenha a originalidade
Os problemas crescem quando se altera alguma característica original do carro. São proibidos suspensões rebaixadas ou pneus mais largos que os para-lamas. Faróis de xenônio, só de fábrica ou instalados até 2008. Nas motos, escapes nitidamente modificados e mais barulhentos ou placas pequeninas sob a rabeta raramente passam. A placa lateral em motos também é vetada.
75%
é a transparência mínima do insulfilm no para-brisa
De olho na película
É permitida, desde que respeite a transparência de 75% no vidro dianteiro (70% para vidros coloridos), 70% nos laterais dianteiros, 50% nos laterais traseiros e 28% nos demais, inclusive o traseiro.
Fonte: Jornal – O Diário de SP
Foto: Divulgação