Gasolina comum, etanol aditivado, GNV, diesel S-10… São tantos nomes, tipos e preços que fica difícil saber para que serve cada combustível que você encontra no posto. Para evitar que você compre gato por lebre, preparamos um guia com informações dos principais combustíveis comercializados. Veja qual o mais indicado para o seu carro!
Derivado do petróleo, é o principal combustível de veículos de passeio no Brasil. Tem percentual obrigatório de 27% de etanol anidro em sua composição. Sua octanagem mínima é de 87 IAD (índice antidetonante) e seu teor máximo de enxofre é 50 ppm (partes por milhão). Além de lançar na atmosfera gases que prejudicam o meio ambiente, a queima da gasolina deixa resíduos nas válvulas de admissão do motor, o que pode pedir o uso periódito de gasolina aditivada (leia abaixo). Essa sujeira compromete o funcionamento do veículo e pode resultar em aumento de consumo. Conforme disposto no artigo 14 da Resolução ANP nº 40/2013, a partir de 1º de julho de 2017 a gasolina comum deverá conter detergentes dispersantes. Por enquanto, segue sendo vendida sem aditivos com coloração natural, de incolor a amarelada.
Trata-se da gasolina comum com detergentes dispersantes que promovem a limpeza e aditivos que ajudam a melhorar a lubrificação dos componentes e o desempenho do motor. Pode ser usada sempre ou periodicamente. “Como a queima da gasolina gera depósitos de resíduos, é interessante abastecer com aditivada a cada três ou quatro tanques. Ela promove uma limpeza no motor que acaba gerando economia de combustível e deixa o carro menos poluente”, diz o engenheiro Henrique Pereira, membro da Comissão Técnica de Motores Ciclo Otto da SAE Brasil. Por receber corantes para diferenciação visual, a gasolina aditivada geralmente apresenta coloração esverdeada.
É um combustível de alta octanagem, mínimo de 91 IAD, indicado para veículos potentes e com alta taxa de compressão, como esportivos de luxo. Sua principal vantagem é permitir melhor aproveitamento do potencial do motor. “É uma gasolina que dá mais desempenho e autonomia maior. Mas o carro tem que estar preparado para recebê-la. Tem que ser veículo de alta performance que consegue identificar a gasolina de alta octanagem. Se eu pegar um carro normal e abastecer com premium, a única vantagem é que ela tem aditivos. De resto, vai funcionar como gasolina normal”. Outra diferença desse combustível é o menor percentual de etanol anidro em sua composição: 25%. Tem coloração levemente alaranjada.
Uma gasolina mais barata feita com derivados de petróleo combustíveis que são misturados para se enquadrar nas especificações da ANP. Estando dentro desses padrões e com seus parâmetros semelhantes ao da gasolina comum, esse combustível não causará nenhum problema ao veículo. “O que acontece é que alguns formuladores adquirem matérias primas que, mal balanceadas, podem deixar a gasolina nos piores limites”, diz Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). Segundo o engenheiro, uma gasolina com limite inferior de densidade, por exemplo, pode causar aumento no consumo. Outros problemas, como vaporização, formação de depósitos e dificuldade de partida a frio podem acontecer por causa de limites fora do padrão. Não há como avaliar visualmente se uma gasolina é formulada ou não, mas os revendedores são obrigados a informar os consumidores nas bombas.
Pode ser produzido a partir de diversas fontes vegetais. No Brasil, optou-se pela cana-de-açúcar que, segundo a ANP, oferece mais vantagens energéticas e econômicas. O etanol encontrado nos postos é o hidratado, mistura de álcool e água com teor mínimo de etanol de 94,5%. Caracteriza-se pela apresentação límpida e incolor. Como apresenta uma octanagem maior do que a gasolina, esse combustível permite um melhor aproveitamento do potencial do motor, mas é consumido mais rapidamente, devido ao seu menor poder calorífico. “Se você queimar um litro de etanol e um litro de gasolina, o etanol vai gerar menos energia. Para gerar a mesma quantidade de energia é preciso mais de um litro de etanol”, explica Antonio Alexandre Ferreira Correia, consultor sênior da Gerência de Produtos e Fidelização da Rede de Postos da Petrobras Distribuidora. É por isso que só vale a pena abastecer com etanol quando o litro custar até 70% do valor do da gasolina.
Conta com aditivos que promovem a limpeza e proteção dos bicos e sistema de injeção. Além de anticorrosivos que evitam a formação de ferrugem, e agentes que reduzem o atrito entre as peças móveis do motor. Mas como a queima do etanol praticamente não gera depósitos de resíduos e os veículos flex já são fabricados com componentes de proteção anticorrosiva, Henrique Pereira considera dispensável o uso do etanol aditivado. “Não vejo nenhuma vantagem. Mal não vai fazer, mas também não sei o quanto vai trazer de benefícios para o veículo”.
Um combustível barato e de menor impacto ambiental, tipicamente proveniente do Gás Natural ou Biomeato, ou da mistura de ambos, cujo componente principal é o metano. De acordo com a BR Petrobras, combinando o menor consumo por km rodado com GNV e o menor preço em relação ao álcool e à gasolina, pode-se alcançar economia em torno de 60%. “É um combustível econômico e muito barato. Mas é preciso um carro que o use de uma maneira correta. Um carro desenvolvido para o GNV seria o ideal. O adaptado não é tão bom assim”, afirma Pereira.
Também derivado do petróleo, é o combustível mais vendido no Brasil. Um composto formado principalmente por átomos de carbono, hidrogênio e em baixas concentrações por enxofre, nitrogênio e oxigênio. De acordo com o engenheiro Luso Ventura, membro da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE Brasil, a principal vantagem desse combustível é o elevado rendimento energético de sua combustão, percebida principalmente pelo menor consumo do veículo e elevada autonomia. Assim, a emissão de dióxido de carbono (CO2), gás do efeito estufa, é menor do que na gasolina. Por lei, 7% de biodiesel – produzido de óleos vegetais ou sebo animal – é misturado ao diesel. Até 2019 esse acréscimo de biodiesel será elevado a 10%, aumentando 1% ao ano. O diesel S-500 apresenta coloração vermelha.
No Brasil, são vendidos dois tipos de diesel: o comum (S-500) com teor de enxofre de 500 ppm, e o S-10 com teor máximo de 10 ppm. Bem menos poluente, o S-10 é adequado para as novas tecnologias de controle de emissões dos motores a diesel, fabricados a partir de 2012. De acordo com a BR Petrobras, o S-10 possibilita a redução das emissões de material particulado em até 80% e de óxidos de nitrogênio em até 98%. Veículos nacionais pesados que atendem as emissões P7 – nova fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proncove) – devem usar somente o diesel S-10, sob pena de apresentar falhas prematuras em sistemas de pós-tratamento de gases de escape e emissões acima do máximo especificado. “O diesel S-10 pode abastecer também veículos das gerações de emissões anteriores, porém com ganhos limitados. Veículos diesel leves, nacionais ou importados, como os jipes e SUVs, estarão corretamente abastecidos se usarem o diesel S-10”, explica Ventura. Um pouco mais caro do que o diesel comum, o S-10 é incolor ou amarelado, podendo alterar para marrom e alaranjado devido à coloração do biodiesel.
Difere do comum pela presença de um pacote multifuncional de aditivos. Conta com detergentes dispersantes, anticorrosivos e anti-espumantes que atuam durante o abastecimento, reduzindo o tempo de parada e garantindo total enchimento do tanque. Como os fabricantes de veículos e motores não especificam o uso desse tipo de combustível, a opção fica a critério dos proprietários. “Algumas companhias de petróleo na Europa e também no Brasil oferecem o combustível aditivado, com nomes comerciais diferenciados e preço pouco maior. Na publicidade investem muito sobre suas vantagens, mas até recentemente não havia comprovação técnica de órgão neutro sobre a veracidade das afirmações”, diz o engenheiro da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE.O diesel aditivado pode ser encontrado como S-500 ou S-10.
Segundo a BR Petrobras, esse tipo de diesel, que também conta com aditivos multifuncionais, oferece melhor desempenho e maior proteção ao motor. Seu principal diferencial é o número maior de cetano (hidrocarboneto que mede a qualidade da ignição do óleo diesel), mínimo de 51, enquanto o diesel S-10 tradicional apresenta mínimo de 48. Isso resulta em melhor qualidade de ignição e desempenho do veículo, obtendo menor tempo na retomada de velocidade. Os fabricantes de veículos e motores também não especificam o uso desse tipo de combustível, ficando a critério dos proprietários.
Texto: Filipe Oliveira – Revista Auto Esporte
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